'Vidas Áridas' retrata a pior seca dos últimos 40 anos no Norte de Minas

Jornalistas Geraldo Humberto e Délio Pinheiro falam da iniciativa do projeto.


Michelly OdaDo G1 Grande Minas

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Agricultor se emociona ao se deparar com mais um animal morto em sua propriedade (Foto: Geraldo Humberto / Inter TV)Agricultor se emociona ao se deparar com mais um animal morto em sua propriedade (Foto: Geraldo Humberto / Inter TV)
Durante duas semanas, os jornalistas da Inter TV Grande Minas, Geraldo Humberto e Délio Pinheiro, percorreram 10 cidades do extremo Norte de Minas Gerais e puderam conviver com a maior seca dos últimos 40 anos. Os mais de dois mil quilômetros percorridos resultaram no "Movimento Vidas Áridas". Parte da iniciativa está documentada em 40 fotos, na exposição "Fome de Água no Sertão Mineiro", que será aberta ao público nesta sexta-feira (22) ás 19h30, no Montes Claros Shopping Center . Confira abaixo uma entrevista com os jornalistas.
Os jornalistas Geraldo Humberto e Délio Pinheiro (Foto: Michelly Oda / G1)Os jornalistas Geraldo Humberto e Délio Pinheiro
(Foto: Michelly Oda / G1)
G1 - Como surgiu o "Movimento Vidas Áridas"?
Geraldo -  A ideia está ligada às viagens que fiz ao extremo Norte. A primeira foi em março de 2012, para Mamonas, não havia água, foi um choque para mim que tenho 23 anos de televisão. Fiquei pensando no que iria acontecer até o fim do ano. Viajei para outras cidades, e em junho registrei a primeira morte de um animal. Surgiu uma inquietação, era preciso fazer algo, de início pensei em fazer somente as fotos e convidei o Délio.
Délio -  Nasci e moro no Norte de Minas Gerais. Somo jornalistas e temos uma visão mais atenta a tudo, e nosso trabalho nos leva a vários locais. Me encantei com o projeto e achei oportuno, havia cidades que no início da estiagem já precisam de carros pipa.
 G1- Houve um momento que foi o mais marcante de todos?
Geraldo - Em Espinosa vi a barragem seca e fiquei impressionado, não havia um filete de água. Em um depoimento, um agricultor disse preferir não ter nascido se ele soubesse que tudo aquilo iria acontecer. A falta de água para consumo humano me chocou. Quando os caminhões pipa chegavam era um alvoroço, alguns baldes tinham nomes para evitar brigas.
Ver um relatório sobre falta de chuva tem um grande peso. Mas ao ver um semblante, uma lágrima, o poder de mobilização é muito forte"Délio Pinheiro
Délio -  Foram muitas situações marcantes. As pessoas se abriram, falaram de suas vidas e anseios, como se fossémos amigos. Lidar com pessoas que abriram seus corações e casas, me marcou bastante. O norte-mineiro tem uma fibra inacreditável.
Crianças carregam baldes com a água que chegou em caminhão pipa (Foto: Geraldo Humberto / Inter TV)G1- Como está sendo a aceitação da iniciativa de vocês?
Geraldo -  Ficamos supresos com a aceitação das pessoas, temos mais de 30 parceiros, a exposição vai ser levada para outras cidades e também para Belo Horizonte e Brasília. A exposição vai se tornar itinerante e terá uma caravana com serviços de lazer e de saúde. Um corpo técnico também vai fazer parte para levantar os problemas e soluções do que pode ser feito de forma prática e efetiva. Queremos a inclusão social e ambiental das pessoas. 
Délio - Queremos fazer do "Vidas Áridas" o maior movimento de mobilização popular do Norte de MG. Em cada incursão várias demandas serão despertadas. Queremos que os deputados da região, que não têm vínculos, se unam por uma mesma bandeira, a da sobrevivência.
G1 - Qual a avaliação que vocês fazem destas duas semanas percorrendo o Norte de MG?
Geraldo - Às vezes reclamamos muito, precisamos olhar para o lado. Pensávamos que bom seria se outras pessoas além de nossos familiares pudessem ver a exposição.  O "Movimento Vida Áridas" deixa de ser meu e do Délio e passa pertencer a todas as pessoas do Norte de Minas.
Délio - Quem Mora em Montes Claros não sabe o que acontece em Espinosa, quem mora em Curvelo não imagina que em Mamonas e Pai Pedro, as pessoas sofrem com tantas dificuldades. Precisamos compreender o que os outros passam, é um exercício de solidariedade, por isso a população precisa se unir para conseguirmos fazer algo. 

Além exposição de fotos que acontece no Montes Claros Shopping Center, haverá exibição de um documenário, apresentações artísticas e pronunciamento de autoridades.

Várias cidades do Norte de Minas ficaram mais de oito meses sem água, mais de 100 decretaram emergência (Foto: Geraldo Humberto / Inter TV)


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