'Vidas Áridas' faz diagnóstico da seca em municípios do Norte de Minas

Movimento se uniu com especialistas para ouvir demandas da população.
Seis municípios estão sendo visitados; Porteirinha é o primeiro.

José Maria Neto tem que procurar capim todos os dias para alimentar seus cavalos (Foto: Adriana Lisboa / G1)O Vidas Áridas, projeto lançado em 2012, volta às estradas do sertão do Norte de Minas para documentar e propor alternativas para a realidade da seca que castiga a região há 40 anos.  Um ano depois de lançado, e depois se ser tema de audiências públicas em Belo Horizonte e Brasília (DF), o “Vidas Áridas na Estrada” se une a parceiros técnicos, através de representantes da Copasa, Emater, Instituto de Florestas, Codevasf e Amams, para gerar um diagnóstico dos efeitos e danos da forte estiagem que atinge a região, e passar as demandas às autoridades.
Sem chuvas, o Rio Serra Branca está praticamente
seco (Foto: Adriana Lisboa / G1)
Nesta primeira etapa do segundo ano do projeto, o Vidas Áridas na Estrada visita seis municípios do Norte de Minas Gerais.  A expedição saiu de Montes Claros (MG) nesta segunda-feira (30), e a primeira parada foi emPorteirinha, um dos municípios que mais tem sofrido com a seca. Em seguida a caravana segue para Pai Pedro, Catuti, Mathias Cardoso, Monte Azul, Taiobeiras e Rubelita, no Vale do Jequitinhonha.

Já nos primeiros quilômetros próximos à cidade de Porteirinha, a vegetação típica de semi-árido nordestino fica evidente. A mata seca ao longo da rodovia não esconde a escassez de chuvas e o crescente processo de desertificação.
José Maria Neto arrisca a vida na rodovia movimentada em busca de alimento para os animais. Duas vezes por semana, o lavrador corta o capim seco à beira da estrada para alimentar dois cavalos. Segundo ele, os animais estão fracos e não lhe resta alternativa para tentar salvar a produção, exceto aquele capim seco. “Nunca vi nada igual em 30 anos, a chuva não cai aqui. Só Deus mesmo”, diz José Maria Neto.
No vilarejo de Muganga, também em Porteirinha, centenas de famílias dependem de caminhhões-pipa para sobreviver. De acordo com o prefeito de Porteirinha Silvanei Batista Santos, a situação dessa comunidade representa a realidade das famílias da região.
Água chega a comunidade de Muganga em carros-
pipa (Foto: Adriana Lisboa / G1)
Silvanei afirma que 52% dos moradores vive da zona rural, e, historicamente, o abastecimento com caminhões era suficiente, mas há dois anos a quantidade da caminhões-pipa passou de seis para 16, e ainda não é suficiente, depois que o rio Serra Branca secou.
Milton José dos Reis mora em Muganga com a família e comemora a chegada do caminhão da prefeitura. O lavrador e a família dependem desse abastecimento para sobreviver. “Tenho 58 anos e é a primeira vez que vejo esse rio seco. Temos cisterna, temos tanque, mas não temos chuva. Nunca vi essa situação. Sem o caminhhão-pipa não sei o que seria”, diz.
Barragem de Serranópolis
Segundo moradores das comunidades de Serra Branca e Muganga, este é o primeiro ano que o rio secou. Os moradores dizem ainda que não chove na região desde novembro de 2012, e somente a revitalização da barragem de Serranópolis, que passa por um processo de assoreamento, é capaz de reverter o quadro de desertificação do local.

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